segunda-feira, dezembro 24, 2007

Por uma vida menos ordinária.
Por mais respeito. educação. doação.
Por doação de órgãos. doação de sangue.
Pelo auto-conhecimento. pelo interesse em conhecer o outro.
Por um abraço apertado. uma palavra dita com o coração.
Por viver honestamente. por fazer o bem sem o lhar a quem.
Pelos loucos. pelos sábios.
Por todas as decisões tomadas. as escolhas feitas. e os objetivos alcançados.
Por saber dizer não, obrigada, com licença, por favor, de nada, sim!
Pelas pequenas coisas. tanto quanto as grandes.
Só por hoje. ser, estar, sentir, querer, amar, doer, chorar, viver, perdoar.
...Por um novo ano novo!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

50 % off

Vende-se coraçao, de segunda mao.
Um pouco desbotado, de um vermelho bem devagarinho.
Acostumado com chegadas e partidas, os dois lados da mesma viagem.
Ainda em construçao.
Motivo: contrutora responsável precisa passar adiante por falta de investimento para tocar as obras.
Pagamento a vista. Nao aceita-se emoçoes em troca.

quinta-feira, novembro 29, 2007

"há dias que eu não sei o que me passa, eu abro meu neruda e apago o sol.
as vezes quero crer mas não consigo, é tudo uma total insensatez, aí pergunto a Deus: escuta amigo,se foi pra desfazer, por que é que fez?"

(Cantou Chico Buarque)

domingo, novembro 18, 2007

I don´t fit.
just don´t fit.

segunda-feira, outubro 29, 2007

quando ela viu a esse homem, ela entendeu tudo. era por isso que estava viva.
e fez o que tinha que ser feito. simplesmente porque tinha que ser feito.

La Masai Blanca.
vi e recomendo.

segunda-feira, outubro 22, 2007

tudo se me evapora*

eu tinha três anos e por minha conta e risco resolvi ir comprar um refrigerante no armazém em frente a casa da minha avó. com uma garrafa daquelas pequenas e antigas, nao consegui completar meu objetivo. eu caí e a garrafa que era vidro, se quebrou. e hoje eu levo na palma da mao esquerda uma cicatriz de 4 pontos.
e no meu entendimento das coisas, que ja diz tudo: é o MEU entendimento das coisas, as emoçoes e sentimentos também sao de vidro, e se quebram. fácil, muito fácil. Para estilhaçar os cacos dentro de mim nao precisa muito. uma atitude, uma frase, até uma palavra.. e pronto, tudo se parte ao meio e voa pelos ares. coisa de filha mimada, que fez do coraçao uma criança: que só espera o que deseja...
o estacionamento dentro de mim é oblíquo.

a rua que nao cruzei, o refrigerante que eu nao tomei, o que ouvi na hora em que nao queria ter ouvido, minhas manias, minhas piras, a cicatriz que me lembra todos os dias que o vidro quebra e corta, a emoçao partida que também deixa cicatriz....e “tudo se me evapora.”

...nao sei, nao quero mais escrever. talvez seja só hoje. mas hoje, nao está nas palavras, era vidro e se quebrou.


(*fragmento do livro do desassossego -F.Pessoa.)

quarta-feira, outubro 10, 2007

I wish you rain.


aqui choveu e eu fui para a rua. molhei o cabelo, a roupa, os chinelos. molhei por fora e por dentro.
as pessoas fogem da chuva exatamente como fogem dos problemas. elas escolhem nao se molhar para nao se mostrar. para nao estragar o penteado, para nao molhar o scarpin nem a gravata. elas escolhem o tamanho do passo na fuga, assim como se pode escolher o tamanho da dor.
as pessoas acham que a chuva é mais molhada do que o pranto. pensam que bom mesmo é andar no seco, aonde brilham os ratos e os bordados dos sapatos.
a chuva é um lamento do céu, e sua sensibilidade nao dói, nao fere e lava a alma.
pois eu andei na chuva, depois sequei ao vento. e esse foi meu momento feliz. andar na chuva é um grande presente.

segunda-feira, setembro 24, 2007

everything between the guitar and the stars.

Ela nao avisou que chegaria.
Ele nao avisou que estaria lá.
A volta nao era por ele, senao por razoes inquietantes dentro dela mesma. Simplesmente um dia acordou e ao abrir os olhos decidiu, e foi-se. Era sempre assim, conforme ventava, conforme dava na telha, tinha as rédeas da própria vida desde muito cedo.
Entraram no carro, depois de ele ter dado a ela um livro de presente, um livro de um poeta que ela adorava, ele sabia que ela adorava ler, e adorava poesias. Na época em que se viam quase todos os dias, liam um para o outro, desde a sujeira de Bukowski, a doçura de Eduardo Galeano. Liam e descobriam músicas o tempo inteiro, gostavam do mesmo buteco na Cidade Baixa,entre tesao e desejos e um dos melhores sexos ja experimentados.
Foram até o mar. A música era de quebrar a cama e o vinho era tinto.
Nao era preciso vinho, nem música, os corpos e mentes se entendiam no silêncio, no abtrato do que sentiam um pelo outro. Fazia dois meses que nao se viam ou tocavam, e entre eles nao havia um sentimento que os mantivesse juntos. Sabiam e sentiam que era a flor da pele e sabiam que iria passar, mas nao antes de que se experimentassem em vários sabores, nao antes de que bocas e línguas desvendassem cada centímetro de pele, e nao antes do fim.
Naquela tarde e durante todo o final-de-semana, se amaram um milhao de vezes, nao havia promessas, nao havia o que cobrar, havia desejo e saudade, havia também carinho e duas criaturas apaixonadas por descobrir.
Sempre partilharam sonhos, sexualidade, alguns medos e vivências, mas nunca se entregaram. Uma vez até tentaram, por dois dias e no segundo dia ele disse a ela que a queria para toda a vida. Ela nao acreditou, levantou da cama e foi para casa, com o gosto dele na boca e uma parte de si modificada para sempre.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Olfato.
Sentido tao peculiar, abstrato e marcante.Um cheiro pode ficar guardado na memória durante anos. Um cheiro evoca lembranças, fica na pele, na roupa, relembra, encanta, atiça o apetite, enjôa. Eu ainda hoje consigo “sentir” o cheiro da casa da minha avó, da carne picadinha que ela fazia, da sopa com pés de galinha, o cheiro dela quando raríssimas vezes me dava um abraço. Nao lembro um cheiro específico que teve a minha infância, mas lembro que foi divina, e posso sentir agora o cheiro da minha mae, dos lencóis da minha cama na casa dela, o cheiro bom que ela tem nos cabelos e na alma.
Algumas pessoas para mim sao estaçoes do ano, outras sao perfumes, cheiros, essências. Tenho cheiros na memória que me aproximam do sentimento, eu lembro do cheiro e posso sentir a textura da pele em minhas maos, o olfato vira tato. Como é bom cheiro de roupa limpa, dos meus gatos quando dormem enroscados, de grama recém cortada, de comida caseira, de água do mar, de terra molhada pela chuva!
Cheiro inesquecível tem quem a gente ama, é aquele cheiro especial que ninguém mais tem, ainda que use o mesmo perfume, é o cheiro que alerta e tranquiliza, que entra pelo nariz e percorre cada víscera, cada veia, cada sentido...e adormece. É a essência que nao é comprada em loja, que nao vem em frascos, nao tem receita nem uma nota específica, é o cheiro que faz falta, que nao se esquece, que se compara, que se quer guardar num frasco para cheirar todas as noites antes de dormir. É cheiro bom, que perfuma a vida.
Quando eu tinha uns sete anos, meu pai viajou a trabalho e passou uma semana fora, eu achava que ele tinha ido embora e peguei uma camiseta dele para cheirar. Dormi junto com a camiseta aquela uma semana, até que ele voltou e fez do seu cheiro presença novamente, e eu agradeci ä camiseta por tê-lo trazido de volta.



quarta-feira, setembro 12, 2007

i just don´t know why!

Eu ja amei, me guardei, eu ja tentei, aceitei, acreditei, fugi e voltei.
Eu ja brinquei, me enganei, tentei esquecer, esqueci, quis nunca mais lembrar e nunca mais lembrei.
Eu embarquei, nao analisei, de novo tentei esquecer, nao esqueci, nao vou esquecer.
Eu ja me achei e me perdi e me achei e perdi e nunca me sei.
Eu vou parar, vou frear, vou voar e tentar voltar.
Eu vou olhar, escutar e voltar a amar.
Desculpe a ausência, a essência, ser assim tao intensa.
Desculpe tantas palavras e frases soltas, pensamentos desconexos e as retiscências.
....Desculpe as retiscências....
Eu guardo segredo, tenho medo, nao faça de mim um brinquedo.
Eu faço o meu enredo, eu tento dormir,e nao acordo cedo.
Eu ando longe do meu ninho, tento mudar o passo mas nao o caminho, e aquí em mim há algo preso entre minha pele e minha alma.
Eu detesto conveniências, nunca fui de obediência e perdi a consciência esperando que a vida conspirasse a meu favor.
Por favor!
Nao quero estar segura, salva e fora do amor. Eu vivo dentro da confusao que me habita, quero morrer de amor, morrer do coraçao com a nossa apariçao.
Eu ja me aproximei da inteireza, trabalhei para ter só o cansaço, jurei ter certeza.
Eu me resguardo da linha do desvio, me guio pela loucura do universo e precipito-me...Declina dentro de mim o sol no alto do céu, do que um dia foi uma mancha amarela tranformada no sol...precipito-me,e chove, em meus olhos nao pára de chover.

sexta-feira, agosto 31, 2007

killing softly..

Eu devo ser a reencarnaçao de Polyanna, ou uma completa idiota ou uma sonhadora incurável.
Combinei com um casal de amigos de nos encontrarmos ontem a noite em frente a um bar. Eu,com a minha neurose pontual, cheguei cinco minnutos antes do combinado e sentei para esperá-los,logo em seguida ele chegou e dez minutos depois chegou ela. Bem disposta e animada, comprimentou com um largo sorriso e seguimos em direçao a entrada do bar,e EU fiquei esperando uma saudaçao habitual entre os dois: um beijo,um abraço ou na pior das hipóteses um aperto de mao. Que nao aconteceu.
Aquela cena ficou "fotografada" na minha mente, e no caminho para casa foi em torno disso que se concentraram meus pensamentos. A banalizaçao do outro, a banalizaçao da intimidade,do amor,dos carinhos. É um casal de vinte e poucos anos cada um...como será aos quarenta,cinquenta? Pode ser que eu esteja generalizando algo que aconteceu somente ontem, naquele momento, que nem ele nem ela tenham se dado conta ou achem importante, mas pode ser que eu tenha observado uma cena que seja comum entre os dois, e que seguramente é entre muitos casais.
Uma grande amiga minha ainda essa semana me disse: "Nunca te acostume a acordar sem receber um beijo". Falávamos dessas coisas, do quanto um ou outro torna-se "corriqueiro" para o olho alheio, aquele que está sempre ali, que ja se conhece cada parte do corpo, cada mania, cada gesto e sentimento. E eu , essa mistura de Polyanna com alguém que as vezes acha que não sabe amar, mas que vendo essas não atitudes, acha sim, que sabe e pode amar muito mais do que muita gente.
Burrice é pensar que todos os momentos podem ser de tesao total e afeto mútuo. Tem dias em que tudo o que se quer é estar sozinha, tem dias em que se o outro mastiga e faz ruído, já é uma tragédia anunciada,mas eu acredito nas pequenas coisas, acredito nas pequenas atitudes de carinho, na lembrança de uma comida que o outro gosta, em um bilhete carinhoso escrito num guardanapo, em conversas longas enquanto o sono não vem, em beijo na chegada, na saída, no encontro, no reencontro, no caminho do quarto para o banheiro...isso tudo é uma parte que contribui para o “bom funcionamento” da relaçao. Tudo bem, talvez o meu casal de amigos se entenda assim, se ame assim e seja feliz bem assim, mas pra mim não serve,não preenche,não basta. Daí logo em seguida penso que quero demais, que espero demais e que não exista o que eu realmente quero e acredito. Que essa coisa que diz Caetano, de “abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim”,é ilusao,portanto, eu sou a princesa do castelo. Princesa que sonha com coisas lindas que quer dar e receber, que gosta de uma certa atençao e se sentir querida e desejada..a princesa do castelo que acredita que não é possível viver plenamente no bege, a princesinha dos cabelos mágicos, que sabe que o príncipe não é encantado, tao pouco é príncipe, mas que pensa que dias fluorescentes e brilhantes podem ser muito mais encorajadores.
Loucura é pensar que já se deu tudo o que se tinha para dar, loucura é se acostumar ou acostumar alguém. Há que se reinventar, que guardar alguns mistérios, que encontrar no outro um brilho, sempre a vontade de um beijo, um abraço, um silêncio ou uma lágrima juntos. Banalizar o que não é banal, é levar consigo o que não lhe pertence, é matar aos poucos um sentimento, seja ele qual for, como em uma hemorragia interna, onde o ferimento por não ser externo, não é percebido,mas por causa dele,a morte é igualmente esperada. Eu sou a moda antiga,meu amor é infantil porque esse amor adulto é sério demais, comportado demais,e exposto de menos....eu sou como Carpinejar: “Mato por amor,mas não mato o amor.”

segunda-feira, agosto 27, 2007

none

“Ela entregaria o próprio coração para ser comido, ela queria sair dos limites de sua própria vida como suprema crueldade”

Clarice Lispctor.

sábado, agosto 18, 2007

gettin´ old!


Minha avó diria:
- Nao tem cabimento!
Eu diria:
- Também acho vó,se tivesse cabimento,caberia em algum lugar!
E eu to ficando velha,como minha avó.
Uma amiga resolveu reunir um grupo de amigos e comemorar o aniversário numa festa...rave.
O aniversário nem viraria tema de blog se nao fosse pelo fato de ela ter me mandado algumas fotos. Muito engraçadas.
Nas fotos,todos de óculos escuros. Na festa. De noite. "Muderno" e fake demais para o meu entendimento.E eu quando ando na rua no final do dia ja coloco os Chilli Beans na cabeça, para poder enxergar melhor as cores, as pessoas e na verdade mesmo, o caminho em que tenho que andar.
Até as festas estao ficando estranhas ultimamente. Literalmente "festas estranhas com gente esquisita". Ou eu to ficando estranha ultimamente. Porque acho tudo isso sem graça: festa rave, óculos escuros e todo mundo que vai em festa rave e usa óculos escuros e se emboleta para ir na festa rave e usar óculos escuros. Festa boa é aquela em que é possível dançar música boa, festa em que a música nao seja o tempo todo" tic tic tic,bó bó bó...tic tic tic,bó bó bó.....tic tic tic,bó bó bó....tic tic tic, bó bó bó..."
Noite dessas eu estava andando pela Marina aqui de Barcelona, que tem uma boate grudada na outra e que a entrada é gratuita. Dentro de cada uma delas há palcos pequenos com mulheres pequenas, em roupas menores ainda, se esfregando em mastros prateados gigantes, em movimentos eróticos. E "tic tic tic, bó bó bó...tic tic tic, bó bó bó..."
Mas por sorte,bom gosto e UM ouvido bom que tenho, eu ouvi ao longe instrumentos que acompanhavam um vocal que dizia mais ou menos assim: "I can´t get no satisfaction...I can´t get nooo,satisfaction..."e me conduzi até um pub australiano mais em frente que tocava o bom e velho rock´n roll all night.
Mas assim é o mundo desde que é mundo: dividido em "tribos". O que seria do rosa se todos gostassem de vermelho? Tem que ter quem goste de rave e de música que nao diz nada com nada e de fazer festa assim ou assado, tomando isto ou aquilo,beijando aleatóriamente para sentir-se mais ou menos feliz.
Eu gosto de festa,amo música boa e boa companhia. Nao uso óculos escuros de noite,mas isso porque nao entendo nada de tendências e nao sou assim tao "muderna". Melhor pra mim é um play no meu cd favorito, em casa e ao sabor de um suculento vinho tinto. Aí meu olho brilha. E aí eu entendo tudo.

domingo, agosto 05, 2007

dream on

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Seja quente ou seja frio,nao seja morno.
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.
Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro.

Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso. Não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais.

Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.

Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa.

Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. (Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta!

Não se vista tão bem... Gosto de camisa para fora da calça,de camisetas,de chinelos, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço e olhos. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes.

Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste.

Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai!! Seja meu homem, meu amante,meu companheiro. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes. Reaqueça,reinvente,faça crescer.

Me enlouqueça mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca... Goste de música, e de sexo!!!!!!!!!

Goste de um esporte não muito banal.

Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... Isso a gente vê depois... Se calhar...

Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos... Me faça massagem nas costas. Não fume... beba moderadamente,nao tenha vícios, chore, eleja algumas contravenções e sorria. Me rapte! Se nada disso funcionar... Experimente me amar !!!

(um pouco eu,outro pouco Martha Medeiros)

quarta-feira, julho 25, 2007

move,move,move!

Era uma lagarta. Virou borboleta.
Era uma borboleta. Virou lagarta.
Era saudade. Ainda é. Vai se transformar. Precisa.

sábado, julho 21, 2007

......

PARA ESTAR JUNTO NAO É PRECISO ESTAR PERTO, E SIM DO LADO DE DENTRO.

nao sei de quem, nao lembro aonde li.

também nem importa.

o que importa é que é a mais pura verdade verdadeira.

to sentindo saudade. saudade em portugues, e em tamanho GG.

saudade. só saudade.


quarta-feira, julho 11, 2007

sem sinal

Sao três horas da manha e acabo, de desistir definitivamente de dormir.
Ja lavei roupa e pendurei. Tomei chá de boldo e depilei as pernas. Deitei para tentar dormir e levantei. Fui até a rua, olhei o céu. Li duas páginas de um livro, fiz máscara hidratante para os cabelos. Comi uma laranja, tomei três copos de água e fui duas vezes fazer xixi.

O sono foi viajar.

Ele vai voltar, cheio de pensamentos. O sono nao tem hora para chegar.

Ele acorda todas as lembranças e provoca as incertezas, faz tudo ficar latejando.

Na madrugada todos os tons sao mais intensos e a escuridao revela a alma.

Nao consigo dormir. Hoje mais do que sempre. Nao consigo dormir porque tenho meus olhos e ouvidos nas cores e sons da paisagem dos meus pensamentos.

Há alguma coisa...que nao sei se existe ou se dói...

Salada coletiva da vida, carambas ao despropósito!!

Enfim...noite absoluta lá fora, daqui a pouco o sono volta, como uma orquestra, tocando aquela música que eu conheço, que vai embalar o meu breve deitar..até as horas que faltam para o disparate do dia acontecer!

quinta-feira, junho 21, 2007


Do comício que há todos os dias dentro da minha alma, ninguém sabe.
não quero converter tudo em convicção.
não tentem adivinhar o que vai aqui dentro. não me dêm conselhos.
Merda!
para algumas coisas eu não olho, mas sinto. sinto tudo. demais.
e o excesso tóxico de sentir me arrepia.
viver a vida convalesce e causa problemas de coluna.
há um bocado de muitas coisas aqui dentro. algumas coisas pavorosamente latejantes.
não tentem ver com os olhos do meu coração. querem-me o quê?
só eu sei de mim. e aí de mim! nem sei se sei.
podem rir.
eu que sou absolutamente doida por sentir.sentir tudo de todas as maneiras. eu vou sim para a cama com todos os sentimentos.
impacientem-se comigo!
não como, peço outra coisa, pago a conta e não como frio.
as coisas reais são muito diferentes umas das outras. e não há nada mais simples do que olhar para o próprio passo. e somente para o próprio passo.

terça-feira, junho 12, 2007

come out and try!

em uma das vezes que fui viajar, ganhei de presente um livro,um livro ja antigo,com uma capa linda e muitas páginas. antes de ir, colei todas as partes que estavam mais sensíveis, coloquei meu nome na primeira página e fiquei esperando a hora de ler. nunca sou eu quem escolhe a hora de começar a ler um livro, é sempre o livro que me busca e me prende.
enfim...lá fui eu outra vez.

um dia, à beira mar eu virei a primeira página, e a outra, e a outra...até o fim. naquele dia lembro que não fiz nada além de ler. é daqueles livros que dá vontade de entrar na história, que me faz sentir personagem, que embriaga e entorpece e quando acaba, enobrece a alma.

depois desse dia, vários outros dias eu lia de novo algumas partes, e lia para um amigo meu que escutava e comentava enquanto bebericava um vinho.
cada vez que eu lia e relia alguma parte, eu lembrava de um amigo de alma e coração que estava no Brasil e pensava: ele tem que ler isso um dia! só ele vai entender como eu entendo e sentir a mesma mensagem que eu sinto!

pois bem, lá mesmo fiz uma cópia,mandei encadernar,paguei 200 pesos, escrevi umas palavras na primeira página e trouxe comigo para o Brasil, 300 páginas que poderia ter copiado aqui mesmo, seria inclusive mais fácil..mas como taurina que sou...impulsivamente e desejando tanto aquela minha idéia, fui até a tabacaria do outro lado da rua e me deliciei naquele momento!

...quando voltei para o Brasil, não nos vimos logo que cheguei, mas sim uns dois meses depois,e na ocasião eu esqueci de levar o livro. passou mais uns 3 meses, nos vimos novamente e nem me passou pela cabeça o livro. um ano passou e o livro guardado dentro de uma gaveta no meu quarto.

semana passada marcamos um encontro no final de um dia muito frio e eu lembrei do livro. com todo o carinho do mundo eu busquei da gaveta. a hora de ele receber o livro havia chegado. quando nos vimos começamos a conversar, e o livro dentro de uma sacola que eu havia levado, e ele me disse que estava tendo dificuldade,mas tentando retomar um hábito que um dia havia sido muito importante na vida dele : o hábio de ler...

eu não acreditei!!! tirei logo o livro da sacola e entreguei. contei a ele a trajetória e a história do livro, da cópia e das vezes que havia esquecido. ele riu e me abraçou num agradecimento carinhoso. rimos juntos porque somos dois loucos que as vezes entendemos os significados das coisas.
...hoje, ele me disse que geralmente quando ele mudava um hábito ou um costume na vida, era na dor. falou também que está na página 130 e mudando um hábito, no amor. e eu sou muito feliz por isso.
algumas coisas na vida não têm preço. para todas as outras dá-se um jeito.

terça-feira, junho 05, 2007

devia ser proibido...

escrever...sobre o que escrever?
meus pensamentos estão em silêncio. as borboletas no meu estômago pousaram no meu refluxo. e eu sigo planejando a minha fuga geográfica. dias de luta, dias de eu com eu mesma, no mais íntimo das entranhas. ninguém ousa imaginar o que se passa aqui dentro. sigo só. calada e contando somente para mim os meus segredos. niguém entenderia...
hoje comprei umas velas aromáticas deliciosas. hoje ouvi The Clash e pensei no futuro. tomei um vinho na companhia de uma imensa amiga e descobri que nada sei desta vida.
agora, antes de dormir caí de novo nos escritos de Alice Ruiz, e de novo me impressionei com tamanha sentimentalidade. talvez Alice Ruiz me entenderia. quem sabe algum dia, distante destas terras, com ela eu conseguirei abrir meu coração...

devia ser proibido
uma saudade tão má
de uma pessoa tão boa
falar, gritar, reclamar
se a nossa voz não ecoa
dizer não vou mais voltar
sumir pelo mundo afora
alguém com tudo pra dar
tirar o seu corpo fora
devia ser proibido
estar do lado de cá
enquanto a lembrança voa
reviver, ter que lembrar
e calar por mais que doa
chorar, não mais respirar (ar)
dizer adeus, ir embora
você partir e ficar
pra outra vida, outra hora
devia ser proibido...

(Itamar Assumpção e Alice Ruiz)

sexta-feira, maio 25, 2007

por enquanto

"mudaram as estações, nada mudou. mas eu sei que alguma coisa aconteceu,ta tudo assim tão diferente.
se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar...
mas nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém, só penso em você,e aí então estamos bem.
mesmo com tantos motivos para deixar tudo como está, nem desistir nem tentar, agora tanto faz, estamos indo, de volta pra casa..."

segunda-feira, maio 21, 2007

vida,enfim.


...Um lindo texto,para que se inicie uma linda semana. eu estou precisando de uma linda semana.
me dóem as costelas,de tanta tosse. olheiras profundas circundam meus olhos cinzas. ja tomei chá de limão, guaco, alho e flor de laranjeira. não passou. de verdade verdadeira, sei que não é o chá o remédio. é preciso consertar outro lado, limpar as arestas. i'm tryin' !

"Ontem, lá pelas 2 da tarde, chorei de felicidade. Estava sentado embaixo de uma amendoeira centenária, com 3 amigos queridos, numa praia deserta. Chorei ao tomar consciência da situação: era a vida, num de seus momentos mais intensos, que se desenrolava dentro e fora de mim.Ser feliz não é fácil. Em primeiro lugar, há que se tomar a decisão de sê-lo. Parece óbvio que a felicidade seja a meta de todos, mas não é. Muita gente tem preguiça, ou lhes falta coragem, e acabam por viver a vida deitados na banheira morninha da amargura e do ressentimento, a futricar a vida alheia, na falta de uma própria. A felicidade exige luta constante. Exige aceitação da tristeza e das quedas como parte do jogo. (Só quem souber sofrer de verdade pode ser feliz). Exige que enfrentemos o que vier, de peito aberto. (Viver com a guarda levantada pode fazer com que evitemos algumas porradas, mas também nos impedirá de sentir a brisa no rosto, as gotas da chuva, os afagos da pessoa amada).Para estar ali, ao lado daquelas pessoas, diante do Atlântico, tive que lutar muito. Tive que ganhar uma corrida contra milhões de espermatozóides. Tive que enfrentar noites de escuridão e terror sem mais que o auxílio precário de uma chupeta. Tive que aprender a andar, a falar, a chorar diante do que eu não gostava e espernear pelo que queria (hábitos esses que, felizmente continuei repetindo vida afora). Tive que aprender a dizer não, a dizer sim, a fazer coisas chatas tais como estudar para a prova de química no colegial, a não fazer coisas chatas e não estudar para a prova de química, e mandar tudo às favas, e repetir de ano, e fazer tudo outra vez.Para chegar até aquela praia, amei mulheres que me desprezaram, quis o que não pude, quebrei a cara inúmeras vezes - a perna uma só - ,aprendi um ofício e tento exercê-lo da melhor maneira possível, feliz por fazer o que gosto e ainda ter dinheiro no fim do mês para pagar minhas contas.Para estar ali, naquele cenário paradisíaco, com aquelas pessoas maravilhosas, tive que aceitar a verdade cruel de que no fundo nós estamos absolutamente sós e se não cuidarmos de nós mesmos, ninguém mais o fará. Por isso é preciso cercar-se dos que amamos, por isso é preciso ir à praia nos dias de sol, sentar-se sob a sombra de uma amendoeira e, se possível, chorar pela aguda consciência dessa coisa toda que chamamos de vida, enfim."
(Antonio Prata)



terça-feira, maio 15, 2007

de fato, inferno astral..


No altar dos meus sonhos, todas as crenças. eterna mutação. existindo em vários modos.
me pergunto. por falta de tempo, ninguém responde. existo em mim. e minha sensibilidade me incomoda. em tudo o que existe, eu coloco dúvidas. e na subida do morro, exatamente aonde termina eu, começa eu mesma? sou super e sou "inha". premonições e desejos. ensaio da vida. mas o ensaio é a própria vida.tenho o sono compartilhado com alguém que lá nos meus sonhos está. fora de ordem. apaixonada pelo minimalismo. disfarço os barulhos de meus pensamentos sob a máscara da música. vivendo,THIS IS LIFE SEE!?


" A eternidade é o estado das coisas neste momento"
(Clarice Lispector)

terça-feira, maio 08, 2007

let it snow, let it snow, let it snow...
















Os acontecimentos da minha vida, são marcados na minha memória conforme as estações do ano. lembro por exemplo que fui viajar pela primeira vez sozinha no invernos dos meus 15 anos, que meu primeiro beijo aconteceu em uma primavera, florida mais dentro de mim do que nas árvores, e que a primeira vez em que uma estação levou embora deste mundo alguém que eu amava muito, fazia muito calor.
de repente, cada mudança de clima me traz à tona lembranças, as pessoas em mim são estações. e diferente das estações do ano que passam, algumas pessoas em mim ficam mais do que uma primavera. e quem é verão, em mim faz nevar, e quem é inverno me faz suar.
alheias às solenidades de todos os mundos,indiferentes ao divino e desprezível do humano, as estações chegam cheias de vida, trazendo o vento para secar os corações , a chuva para levar de suas idéias certas batidas e o sol que aquece o sangue e leva a monotonia embora. quando eu chovo dentro de mim, minha alma abre um guarda-chuva para que meus bem-querer não se molhem, e quando dentro de mim faz sol eu chamo todos para a estrada.estrada esta, que muitas vezes eu entortei o rumo, que me rompeu a risada e o fio da meada.estrada que me obriga a existir,que tem sobre ela o destino carregando a minha carroça.
o verão que passou me fez lembrar um verão em que eu estive sozinha,em terras desconhecidas, e em amigos que deixei nas circunstâncias do caminho. verão de um mar transparente e areia branca,mas um verão aonde a minha solidão era do tamanho do próprio mar.
hoje, eu lembro do começo de um inverno. de um inverno que transbordou vida e debruçado assistiu aos meus tremores, de frio e de prazer. um frio de desassossego e tranqulidade coexistindo. um inverno novo.
um dia eu quis mandar parar as estações. mas lembrar que cada estação voltará, me acalenta a alma e esfria o sangue. a inconsequência dessa volta não pode ser compreendida. vai haver outro inverno, mais um outono e sempre o verão.
suponho porém, que nisso tudo sou sonhadora, que a saudade que sinto das estações não é só minha, nem só saudade, nem só lembrança.quero tanto minhas estações, com uma intensidade que vem do fundo do mundo e tenho ganas de trazer de volta um outono ou aquele verão. endoideço porque sei que esta estação vai acabar, e a estação é a viagem. se depois eu morrer,que me tragam todas as estações em um único dia, que eu sinta através do infinito o gosto e a delícia da perda de mim em uma estação qualquer.

quarta-feira, abril 25, 2007

amanhã ou depois, ou nunca mais.

Me tirem tudo, da escolha de ter nascido à madrepérola do meu brinco predileto, mas me deixem a certeza de que um dia todas as estações se encontrarão.
Me deixem sonhar que quando for adulta eu serei segura de mim, menos questionadora e indecisa e mais tranquila e resiliente.
Me deixem alfabetizar as minhas dores e ser muita coisa feliz ao mesmo tempo.
Quando do intervalo dos meus sonhos, eu vejo tudo nítido e os sonhos me fogem. E as durezas que sobram me ferem fundo na ferida que ainda não cicatrizou.
Deixem tudo como está. Eu arrumo, eu conserto e limpo as arestas. Nada que a minha visão lógica não encontre um sentido qualquer. Sentido que não sinto na verdade, mas que precisa estar ali, para dar sentido ao que não consigo explicar. Há muitas coisas que, sem existir, existem demoradamente e infinitamente dentro de mim. Para todas as outras eu quero estar aqui, nesta alma, tentando entender o que o meu coração diz.
Não me deixem resumir o que não tem atalho, não curem a minha insônia, me deixem possuir um corpo, uma verdade, uma ilusão!
Me deixem um pouco de silêncio, algo que fale além de palvras, que ouça além dos ouvidos e queira como eu sei querer.
Me tirem a covardia, as roupas, me dêem anestesia. Me devolavam a euforia.
Não quero ser linear, ter fé, calma ou ser convincente, quero ser adivinhada e alternar o beijo com uma respiração. Um dia andarei espalhada e embrenhada em mim, responsável não mais que pela minha própria vida.
Por mais nitidamente que eu tente ver e compreender tudo, a minha essência não me deixa ser menos intensa e vibrante quando algo me toca no íntimo do ser. Eu não esqueço fácil do que deliciosamente me penetra e me faz ser perdulária.
Mas nenhuma dor é infinita. Um dia, num doce deleite, não vou viver ao contrário e vai ser muito bom aqui dentro, quente e aconchegante.
Por enquanto, me deixem estar aqui, nesta alma. Eu já sou outra.

sexta-feira, abril 13, 2007

metro de ja vu


Homem agora é metrossexual. E os que o são, pensam que agradam.
Homem deveria continuar sendo apenas homem, bastaria. simples assim, como um suspiro.
Quando começam a fazer as sobrancelhas, pintar as unhas, fazer mechas nos cabelos e levantar a gola da camisa...conseguem ser, nessa expressão indelicada mesmo: "brochantes!"
Eu particularmente sou minimalista, adepta do "menos é mais", sempre. Homem interessante é o que tem jeito de homem, em tudo: na voz, no toque, na inteligência,no jeito de vestir. Homem cheiroso, que use filtro solar sim, e também um creme após barba mas que eu não o encontre na sala de espera da minha manicure.
Os tempos modernos enlouquecem as pessoas,e tudo está perdendo a naturalidade de ser. Se não são os metrossexuais, são aqueles que passam horas na academia e ficam parecidíssimos com uma versão piorada do King Kong,não conseguem perceber quando o corpo está bonito,agradável,apenas sem a terrível barriginha e consequentemente, charmoso. Exageram e acabam perdendo a graça, ficam caricatos. Tem uma outra leva que usa camisetas coladas,brancas e pretas, com as mangas apertadinhas (sim,ainda existem!), e aqueles que fazem do carro o animal de estimação, dão banho, comida e levam para passear, com música alta e velocidade mínima, tentando atrair olhares. Ah, sim, eu sei bem que "cada um com o seu cada qual", e que tem gosto para tudo e que cada pé torto tem seu chinelo velho, e que assim como os vários tipos de homens existem os mais diversos tipos estranhos de mulheres.
E também não é minha intenção me mostrar preconceituosa. Apenas estou com espírito de porco hoje e sem saco para essas versões masculinas esteriotipadas que vejo por aí.
Por uma questão de sorte, cultura e bom gosto, ainda existem homens HOMENS nesta face da terra. Eu ja tive o previlégio de conhecer homens inteligentes, que conseguem partilhar uma boa conversa, um bom vinho,homem que quando gosta cuida, não tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo e da mente, que compreende o silêncio, lê bons livros e que sabe que o ritmo da vida e dos relacionamentos não podem ser impostos por fora.
Aos homens,mais naturalidade e realidade e menos nonsense.

terça-feira, abril 03, 2007

como tatuagem...

A verdade as vezes dói. Às vezes mata, mas é sempre verdade.
As marcas deixadas, sejam por amor, corte ou tatuagem, ficam para sempre. São bem mais que verdades. Fazem parte da alma assim como os olhos enfeitam o rosto. Assim como a história ou como a chuva. As marcas que ficam na gente são aquilo que esquecemos e aquilos que somos, para sempre.
(Gabriel Moojen)

sexta-feira, março 23, 2007

ãhn?


"O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." (Clarice Lispector)
...eu quero de volta um pouquinho da "burrice" linda de criança, do impulso despretencioso e ingênuo,do não entender entendendo, da atitude generosa e do amor puro e simples que só uma criança tem para dar. eu quero acima de tudo a paz que habita o coração infantil....quero!

quarta-feira, março 14, 2007

me, myself, myself and I.

meus dias têm sido de trabalho exaustivo. não estava mais acostumada com esses trabalhos da vida real. minha vida louca vida era muito mais divertida.
meus finais de tarde até as 10 da noite têm sido dentro de uma sala de aula com mais umas 20 pessoas que só o que têm em comum comigo é o mesmo curso de graduação.
minhas noites têm sido em frente a prancheta, alternando com o computador e com uns carinhos nos meus felinos gatos.
finais de semana....ah, esses não existem para quem é da arquitetura.
AIQUETORTURA!
só não abro mão do cinema nosso de cada domingo. e o vinho também é indispensável.
no mais, vou seguindo o chamado. aonde é que vai dar eu não sei. é um misto de talento, vocação e muita malvadeza.
a decisão de ficar ja foi tomada. fiquei. eu e "minhas certezas erradas".agora aguenta, e dorme com esse barulho! Faço minhas as palavras de Caio Fernando Abreu, que eu adoro:

"Depois de todas as tempestades e naufrágios, o que sobra de mim em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro."

segunda-feira, março 12, 2007

Esmeraldina

- Bom dia moço, meu nome é Esmeraldina. Aprendi com o meu pai, que a terra a gente cava com as mãos. A gente planta,senta e espera. Nesse meio tempo a gente chora também. Tenho nove filhos moço, três deles com três maridos diferentes, e cada um deles me faz lembrar do cheiro de cada um dos desgraçados. São pais dos meus filhos moço, mas não valem um tostão furado.Sorte que quem dá comida e educa os moleques sou eu.
Eu lembro bem de quando plantei as primeiras sementes. O futuro está na semente meu pai dizia. Basta esperar. Lá no interior no final do dia o ceú vai ficando rosa, quase violeta e o que vai apodrecendo a gente acaba esquecendo.Foi lá no interior que eu conheci o meu úlitmo marido , o Euzébio, um santo de um homem.Euzébio que era homem de verdade. Sabe moço, eu vim aqui comprar aquela blusa de vitrine, quanto é?
- Qualquer uma da vitrine por 15 reais senhora.
- E o senhor tem tamanho GG?
- Tem sim senhora,vou buscar.
- Ahh..sabe o que mais moço? Eu não gosto de amarelo, tem outra?
- Tem sim senhora, vou buscar.
-Aqui , temos essa rosa,muito bonita. Quem sabe a senhora experimenta?
- Pois é moço, é que rosa é uma cor que não é vermelho nem salmão, é....muito rosa sabe. Chama a atenção e coisa que eu não gosto é de chamar a atenção. Ia gostar muito se o senhor tivesse uma grafite.
- Ah,não senhora, grafite não temos, tem pouca saída.
- Então ta bom moço, eu volto outro dia. Talvez eu acorde gostando de rosa qualquer dia desses.
- Bom dia moço, meu nome é esmeraldina. Tenho nove filhos, três deles com três maridos diferentes.São uns ricos de uns meninos, ainda bem que nenhum puxou ao pai, só me fazem lembrar dos cheiros dos desgraçados.Homem bom mesmo era meu último marido, o Euzébio, uma rica de uma pessoa,batalhador e chefe da casa como nenhum outro marido tinha sido.O senhor tem aquele esmalte lançamento, que a Cíntia da novela das sete usa?
- Tenho sim senhora,aqui está. E o preço está com desconto.
- Ah,mas que bonito, muito mais bonito do que aparece na TV. Posso experimentar em uma unha?
- Não temos o hábito de deixar experimentar os esmaltes senhora, mas se a senhora for levar,pode sim.
-Ta bom....
- Vixi maria moço,não gostei não. Não senta com a cor da minha pele que é mais escura, isso ia ficar bem em pele mais clara. Desculpa moço,mas não vou levar. Passo aqui na semana para escolher uma cor que fique melhor nas minhas mãos, até mais ver.
Boa tarde moço,meu nome é Esmeraldina. Tenho nove filhos,três deles com três maridos diferentes. Coisa de 6 meses fiquei viúva do meu último marido. Ah,o Euzébio, aquilo que era homem!Mas teve um ataque do coração e eu quase morri junto moço.Estou morando na Travessa da Esguardia, não é que seja um lugar ruim de morar, mas é longe demais da conta do centro da cidade e sabe como é, eu ja passei dos 40 e meus joelhos não são mais os mesmos.Ah, estou aqui falando como uma doida e ia me esquecendo,o moço vê pra mim uns quatro metros daquele tecido ali cheio de florzinhas, o da esquerda,no alto.Vou fazer umas almofadas e uma capa de coberta. Eu moro numa casinha com cinco dos meus filhos, não é que seja uma casinha ruim,mas é que para acomodar tanta gente teria que ser uma casona.Os filhos vão crescendo, cada uma quer mais espaço do que o outro.O Euzébio sempre fez questão de tratar muito bem aos meus três meninos que não eram filhos dele.Pobre Euzébio, acabou morrendo e eu não fiquei numa situação financeira muito boa, mas agora que ja terminei de pagar as contas atrasadas,vou ajeitar a nossa casinha. Mas que tecido formoso moço, tem essa mesma estampa em outra cor? Me da mais um metro e meio por gentileza.
-Boa tarde, quem é a dona da casa?
-Boa tarde moço, sou eu mesma, Esmeraldina. Tenho nove filhos, três deles não são do meu falecido marido Euzébio,um santo de um homem, mas são como se fossem. Moro aqui nesta casinha com cinco filhos, não é que seja ruim, mas é apertado para tanta gente, teria que ser uma casona. Pois não moço, posso ajudá-lo?
- Dona Esmeraldina,os seus filhos são menores de idade?
- Isso faz alguma diferença? O senhor quem é?
-Eu não estou aqui para fazer trabalho sujo, e além do mais ganho muito bem por este emprego,meu nome é Gonzaga e temo em dizer que a senhora tem 24 horas para deixar essa casa com seus filhos e tudo o que tem aí dentro.
-Ô moço, pára de brincadeira, eu ja passei faz tempo dos 40 anos e meus joelhos não são mais os mesmos, é feio o moço tão jovem e vistoso zombar de uma senhora, viúva de seis meses.
- Dona Esmeraldina, a senhora quer se sentar?
-Não senhor moço, eu não sou tão velha assim,pode falar,desembucha logo!
- O seu marido Euzébio tinha uma família Dona Esmeraldina.
-Sim moço, eu sei, apesar de a minha memória estar da cor dos meus cabelos, eu lembro bem que meu marido Euzébio, um santo de um homem, tinha uma família. Eu era a família dele, com mais meus nove filhos. Quatro deles não moravam aqui,mas era como se morassem.
-A senhora não entendeu, o seu marido Euzébio tinha OUTRA família, entende? Com outra mulher, e o fato é que ele deixou um documento com pleno valor legal, deixando essa casa para a outra família. Desculpa ser a fonte desta triste notícia, mas só estou fazendo o meu trabalho, e não se preocupe que aqui por perto mesmo tem muitas casas para alugar. A senhora vai poder se acomodar com seus filhos em uma casa até maior do que essa e...
-Dona Esmeradina! Dona Esmeraldina!! Fale comigo Dona Esmeraldina, dia alguma coisa, respire dona,palo amor de deus dona!

quarta-feira, março 07, 2007

Ensaio sobre uma amizade

Certa vez em um país da América Central fazia uma noite de muito frio. Caminhava pelas ruas uma moça de preto pisando duro. O som dos seus saltos espalhava-se por toda a vizinhança. Um guri que dormia acordou.Foi para a janela e assobiou. A moça pisou mais forte e assobio tornou-se distante. Assim ficou marcado o duelo.
Dias depois uma estrela caiu do céu fazendo o maior estardalhaço e causando um ruído que só as estrelas fazem ao cair no chão. No meio de todo o povo que tentava juntar os cacos, a moça e o guri se encontraram e cada um pegou o maior número de pedaçoes de estrelas que foi possível; e mais tarde descobriram que juntando os cacos deles, formavam perfeitamente uma das cinco pontas da estrela...uma estrela de cinco pontas.
Descobriram também que os dois sabiam voar, choravam quando era preciso e conseguiam ficar embaixo d'água dez minutos. Sendo assim, poderiam ser amigos,e tornaram-se amigos então. A partir deste dia descobriram que o mundo se reparte entre saõs e loucos, e a conversa era sempre harmônica e o vinho era sempre doce. Tinha dias em que entre eles habitava o silêncio e cada um com um livro contando uma história diferente...e liam um para o outro trechos interessantes das histórias. E nessa hora, suas almas ficavam imensas e o corpo fazia o que a alma mandasse. Quando a madrugada dormia ao som dos aparelhos de TV, eles se arriscavam a escalar os prédios mais altos e do alto olhar as estrelas do céu de uma cidade infinita, e saíam do mundo real para um universo de ondas magnéticas. Tudo tinha ritmo, e eles passaram a chefiar uma constelação de estrelas aprendizes, para que essas estrelas crescessem, brilhassem e não morressem. O tempo interveio e foi preciso que os corpos celestes se distanciassem e seguissem em viagem incandescente para os quatro cantos do mundo. A moça e o guri repartiram os cacos da estrela e o universo inteiro se iluminou no negrume da noite para que as estrelas escapassem para dentro dele.

segunda-feira, março 05, 2007

te extraño

Hoje acordei e a primeira coisa que fiz foi me perguntar: "Vanessa, cadê você?"
me coloquei nos meus tênis dourados e fui ao cinema. e o filme não surtiu efeito.
de volta, aqui estou. e entre uma colherada de Hagen-Dazs doce-de-leite e um gole de chá de hortelã, a pergunta que não quer calar: "Vanessa, cadê você?"


"O meu mundo não é como o dos outros, quero mais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... sei lá de quê!" (Florbela Espanca)
.....?

sexta-feira, março 02, 2007

nua. e crua.

"As vezes deus me tira a poesia.Olho pedra, vejo pedra mesmo." ( Adélia Prado)

............................


pior é quando ele me tira a poesia e me bota a TPM!

domingo, fevereiro 25, 2007

etc e tal

em desalinho. minha mãe diz que vai passar. meus gatos me lambem a cara. o chocolate é meio-amargo. o problema deve ser o mesmo que acometia Mário de Andrade: essa mania de ser trezentos,trezentos e cinquenta!!! huuuuumpf!!!!!!
não sei, não sei, não sei. meu coração ta pequenininho assim ó..
..mas é tanta a minha fé, que mesmo não tendo jardim me comprei uma máquina de cortar grama!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

in the middle of nowhere



estava com o post pronto, falando dessa baita porcaria pornográfica que é o mês de fevereiro:desisti. também não vou falar de Diamante de Sangue que assisti semana passada, nem do menino que morreu arrastado essa semana. também não quero falar sobre À procura da felicidade que assisti hoje e achei piegas, nem sobre Babel, nem sobre aquecimento global. de que adiantaria? quero sim é me livrar desse sentimento que me consome: o de me achar resonsável pela vida de outras pessoas e sofrer horrores com os problemas do mundo. nem deus poderia imaginar o quanto fiquei mal com a históiria do tal menino, e o quanto pensar sobre tudo isso e mais um pouco me enlouquece.

CHEGA!

quero de volta a minha vida noncapisconiente de quando eu era criança. não quero explicar a origem, definir ou resolver a equação. quero esquecer as dores do mundo. para o inferno Carnaval, Diamante de Sangue, Babel, À procura da felicidade, o menino, o aquecimento global. ou isto, ou continuarei sentindo na minha cabeça a velocidade do giro da terra e no meu estômago uma centrífuga ânsia e nos poros um nervoso trem elétrico. não, trem elétrico não porque tenho PAVOR de carnaval, vamos de novo: ...e nos poros uma nervosa locomotiva à vapor...melhor assim.

estamos todos que vivemos, tendo o que merecemos. nem um centímetro de vida a mais ou a menos. nosso fardo nunca será maior do que poderemos carregar. são débitos de vidas passadas, somados com os débitos nesta adquiridos, mais a somatização dos seres-humanos de mau caráter, com corações maldosos e tendências destrutivas. no pain, no gain!

e por estar um tanto quanto insuportável assistir a tudo isso praticamente de mãos atadas é que eu sinto que preciso recuar. a minha parte eu faço, do meu jeito, como posso. tentando fazer disso quase como uma corrente do bem, mas as vezes dá um atordoamento, um desmanzelo na epiderme da alma e eu acho que está tudo perdido. estará mesmo tudo perdido? me parece. mas olha, também não quero pensar nisso. não quero sentir a dor pelos pais que perdem o filho, não quero pensar em não lavar a calçada para não gastar água, não quero mais planejar contratar terroristas para atear fogo na Baume & Mercier e na Tiffany & Co, e tampouco vou permitir que meu coração doa quando alguém pedir dois reais de comida aqui na minha porta.

OU ELES OU EU.

que o esterco metafísico do mundo caia sobre a cabeça de quem tiver que cair, que cada um viva no castelo de areia que tiver de viver, que a consequência das superficialidades das coisas doa a quem doer...porque a porta da minha casa não tem mais número.

"Dá-me mais vinho, porque a vida é nada." F.P.


segunda-feira, fevereiro 05, 2007

mist



noite absoluta. a vida sem atalhos e uma urgência de viver.
todos os meus pensamentos são inacabados porque outros os atravessam.
a constituição inteira de meu ser é de hesitação, dúvidas, impulsos, ardência,sonhos,loucuras, letras, provocações.
toda a gente que eu conheço busca o entendimentos das coisas. que vá para o diabo o entendimento! não vou mais ter paciência, e quando a hora do soco vier, vou me agachar.
me assombro, porque as coisas não estão nem fazendo cócegas na minha sensibilidade, estou de pernas para o ar e vou existir assim. perdi minhas lembranças por completo,estou sem aderência. e tenho tudo: menos razão.
aqui dentro houve um desmanchamento de coisas, porque o mundo virou uma sombra indigna de confiança. mas vou existir assim mesmo.
há alguns milênios custo a dormir, mas gosto de dormir, gosto muito.fundas olheiras delatam que jamais dormi. no atual sistema de desvínculos as almas ja não encontram mais seus pedaços e a emoção se divorciou do pensamento e os sonhos estão sendo dessonhados.
todos cheiram a medo e não são donos de nada, de coisa nenhuma.
não consegui me tranformar em general, tenho medo de viciar na vida e depois não querer mais morrer,de todas as coisas da vida a que mais vale a pena ainda é a própria vida. os erros que sou, os erros que fui,não me lembro. há na vida um mistério que desvirtua, oprime, massacra e impulsiona.
não sei porquê, mas revejo algumas coisas com uma alma que não é minha, com um desmantelamento de sentimentos ,com o coração longe...e tudo isso passa...
tudo isso é um teatro e amanhã vou ser eu. tem um vulcão avisando há um ano, que amanhã eu vou ser eu....mas a contradição é o pulmão da história...

"baby...vem ficar comigo, no mundo dos negócios...traz o teu negócio, mais o meu negócio...nãnãnã."
ps. ouvi Zeca Baleiro cantar essa hoje no final do dia e estou até agora com o refrão batendo.
"baby...vem ficar comigo, no mundo dos negócios...traz o teu negócio, mais o meu negócio...nãnãnã."
"baby...vem ficar comigo, no mundo dos negócios...traz o teu negócio, mais o meu negócio...nãnãnã."
"baby...vem ficar comigo, no mundo dos negócios...traz o teu negócio, mais o meu negócio...nãnãnã."

ad infinitum...

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

NO SOS VOS,SOY YO.

Não é você, sou eu. pronto, esse filme resume um pouco do que acontece a qualquer um de nós em alguns momentos. tem horas em que não é ninguém, somos nós...só nós. horas em que tudo o que está embolado e engarrafado vem de dentro, e o pior é que não se pode culpar ninguém por isso.
não é você que me dá pouca atenção, sou eu que quero o mundo girando em minha volta; não é você que tem uma mania insuportável de não me olhar quando eu falo, sou eu que gosto do olho-no-olho em todas as situações; não é você que não é bom o suficiente pra mim, sou eu que não sei o que quero e ao mesmo tempo sei que quero muito!!! não é você que não consegue ser pontual, sou eu que fui criada assim pelo meu pai que sempre me ensinou a chegar na hora certa,por isso eu tenho PAVOR de atrasos; não é você que me confunde, me desnorteia, me acelera, me "faz" fazer coisas sem pensar, me "faz" viver o momento não lembrando do depois, sou eu que sou à flor da pele, que vivo de intensidades e tenho a alma maior do que o meu corpo, que desejo o teu desejo, que nunca passei agosto esperando setembro e que tenho os batimentos cardíacos descompassados...
SOU EU, SOU EU, SOU EU!!!!!!!!!
e o que você tem a ver com isso se não é você,sou eu?
tudo. simplesmente porque você está no caminho, porque os olhares ja se cruzaram, os espíritos ja se reencontraram e porquê na verdade, não sou eu somente, mas é você também,claro que é!
quando tudo se move e faz barulho é preciso saber ouvir,e os ruídos são muitos. ontem quando olhei o filme, tive vontade de invadir a tela e ir conversar com Javier, o personagem principal, eu teria muito para conversar com ele! mas não foi preciso, logo Javier decidiu transformar a angústia em dor e a dor em tristeza, até que um dia a tristeza resolveu dar lugar à primeira manhã em que ele acordou sem sentir a falta de Maria...a ausência dela tinha sido grande o bastante para ele perceber que podia viver sem ela. e naquele momento não seria mais ela, seria ele. Javier havia optado por tentar, mudar, dar chance ao novo relacionamento que estava começando com a veterinária, mas ele ainda amava Maria,porém de outra forma. o amor se transformou, não se perdeu, apenas se transformou e Javier naquele momento se sentiu livre.
para isso, não é necessário explodir o coração, é necessário ensaiar novos passos e ver se realmente não é você, sou eu. não precisa conhecer o roteiro (ninguém conhece!), nem arrancar os cabelos de tanta aflição. nas minhas ilusões, é preciso somente observar, sentir, e agora me lembrei de Gide dizendo: o diabo desta vida é que, entre cem caminhos, a gente tem que escolher apenas um e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove.
é..mas somos nós que podemos escolher, ninguém mais.


ps. o post da Nadica Lopes(http://nadialopes.blogger.com.br) ta valendo a pena ser lido, sem saber publicamos escritos sobre o mesmo assunto...e o dela, escrito por Rubens Alves é de uma sabedoria infinita!

ps.2. alguém me ensina a jogar frescobol!!!!!!!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

sinfonia de uma noite inquieta


ta acabando o domingo. chove lá fora e queimo aqui dentro. ja tomei todos os barbitúricos do armarinho do banheiro e segue a enxaqueca. semana e final de semana transcorreram calmamente, em tons pastéis e sem nenhuma pourralouquice de minha parte. hoje dormi até as nove, depois dormi das dez a uma e meia da tarde e depois das quatro às cinco e meia e até KING KONG olhei hoje. nem só de bons filmes vive uma taurina. comi muitas bobagens sexta,sábado e domingo, incluindo bolo de cenoura com super cobertura de chocolate e carne de churrasco com maionese. e amanhã sem falta começo na academia! noite passada pela primeira vez desde que cheguei do México senti saudade de lá, não sei o que me deu,comecei a pensar e ter boas lembranças e...senti. quando adormeci com o ar-condicionado no frio máximo e coberta com dois edredons ja não pensava mais nisso. sei que dormi e sonhei com algumas pessoas. no sonho uma moça bonita, de cabelos e olhos negros parecia ler meus pensamentos e sentir meus sentimentos e me disse : vai,está no teu caminho, faz parte dele,está no teu caminho. ela me olhava fundo nos olhos quando falou e vestia uma túnica branca lisa e esvoaçante. acordei pensando muito nisso e pensei várias vezes no dia. sonhos são os desejos do inconsciente?
hoje também minha gata vira-lata maluca me deu uma mordida no nariz que sangrou, eu mordi ela também para mostrar que mordida dói. depois, ela veio toda se refestelando para o meu lado,miando pequeninho e pedindo desculpas e agora está aqui deitada no meu travesseiro ja se achando a dona da história. não estava inspirada para escrever uma história aqui no blog hoje, estamos precisando sair para beber eu e ele para arranjarmos inspiração. ah, mas sei lá também, a vida é isto aqui mesmo...é uma semana de trabalho e poucas pourralouquices, é um domingo chuvoso, é gato,cachorro e Fantástico, e é até muito mais do que isso,mas está mais para um conto de fodas do que um conto de fadas. continuo com meu jejum de palavras, creio que é por isso que estou mais calma, segue a rotina dos meus desejos e se eu fosse eu me daria um soco na cara. olho roxo e uma dor proibida de sentir. bom, estou tentando, entre outras coisas, ser feliz, ganhar um milhão, remar meu barco, não cair no buraco, não machucar um coração, comer mais verduras, pensar antes de agir, agir sem pensar, tocar violão, fazer pão e não andar na contramão.
não está sendo fácil,mas não quero entender e não será num piscar de olhos.
sei lá, como Pessoa, sou uma doida que estranha sua própria alma.
vou dormir com a minha gata maluca e a chuva que chove lá fora.
..continuo quimando aqui dentro....

terça-feira, janeiro 23, 2007

cada coisa a seu tempo tem seu tempo!


percebi recentemente que preciso me recolher.sim,dentro de uma bolha seria melhor,mas é impossível;então será dentro de mim mesma.Pessoa dizia que quem não quiser sofrer que se isole, mas não se trata disto. não se trata de não querer sofrer ou de querer fugir,mas sim de querer ficar a sós comigo mesma. simples assim e quem nunca sentiu essa necessidade que atire a pedra. um pouco é porque preciso pensar e faço isso infinitamente melhor quando estou sozinha com meus pensamentos, outro pouco é porque cansei momentaneamente de responder à altura um monte de bobagens que ouço todos os dias. vou brincar de vaca amarela por alguns dias,até porque não se deve falar demasiado porque a vida espreita-nos sempre...
hoje,dentre as poucas pessoas que troquei algumas palavras está Nadica Lopes, que me
bombardeou
com algumas belas citações de Adriana Falcão e uma delas dizia assim:indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa ,a outra era assim:lucidez é um acesso de loucura ao contrário.pois então acho que estou louca de tão lúcida...ou lúcida de tão louca? quisera eu saber...mas não me sei, portanto, sigo a procurar-me...quiet! queria subir no coqueiro e do alto ver o mar, pensei em ir à praia sozinha por alguns dias,fazer um retiro espiritual ou voltar a pintar,mas ainda não decidi o que vou de verdade fazer. ando arrumando as gavetas,o guarda-roupas,fiz uma fogueira das caixas de cartões-bilhetes-lembranças-postais-agendas;ja dobrei as blusas e separei por cores, empilhei os cd's por ordem alfabética e mandei consertar três relógios que estavam parados....falta então ordenar os pensamentos, descartar sentimentos corrosivos e equilibrar as energias.talvez,mesmo com muita preguiça,eu comece na academia,ou na yoga,ou no pilates,ou vá logo fazer quiropraxia para botar a coluna no lugar(ja que a cabeça é mais complicado!),ou acupuntura...
talvez eu compre uma bicicleta e saia por aí,para sentir a delícia e o terror da velocidade e do vento na cara. talvez eu aproveite esse tempo para sentir tudo de todas as maneiras, viver tudo de todos os lados, ser a mesma coisa de todos os modos possíveis. talvez esse afastamento seja tão suave que pareça uma vinda...

segunda-feira, janeiro 15, 2007

degrado-ser

Tudo na vida de Eufrásia parecia acontecer da maneira que ela sempre quis. Era uma mulher bonita, de inteligência aguçada e gosto apurado, sabia como cativar afetos e tinha poucos, mas bons amigos. A profissão que a escolheu era uma profissão que muitos invejavam, outros odiavam e outros tantos admiravam ou não davam a mínima bola.
A profissão...bom,não importa qual era a profissão, o que importa é que Eufrásia sabia fazer muito bem o que fazia e no seu meio era admirada. Era daquelas pessoas que têm o tipo de vida que todos nós secretamente gostaríamos de ter: uma vida de viagens, loucuras, paixões, liberdades, qualidades peculiares, sem muitas papas na língua e uma certa dose de irresponsabilidade.
Ela acreditava ter poderes, mas não super poderes como os das Meninas Super-Poderosas, mas poderes advindos da alma e da sua mente que simplesmente não parava um minuto sequer de pensar. Na verdade, ela possuía um único poder: o de ficar invisível quando bem entendesse. Esse poder ela aprendeu com um mais-que-amigo em uma viagem que fizeram juntos à praia, ele a ensinou: faz assim ó com o dedo indicador, depois tu dobra o polegar assim e cruza por cima deste aqui e... pronto! Ele só a ensinou com a promessa de que ela não ensinaria a mais ninguém, e de fato a promessa está mantida até hoje. Eufrásia adora ficar invisível quando vai ao salão de beleza fazer as unhas (só a manicura a pode ver), quando está em algum restaurante lotado ou quando não está a fim de papo, se bem que ultimamente ela não tem usado o truque. Anda enfrentando todas as situações, talvez por isso que esteja sentindo dores no peito e tonturas constantes. Quando ficava invisível com mais freqüência, tudo parecia mais fácil.
Era uma tarde morna quando Eufrásia levantou e ligou o rádio. O silêncio estava gritante tentando mostrar um vazio que ela fingia não ver e a noite começava a dar sinal de vida, ela sentiu vontade de sair, pegar o carro e ir para longe, talvez dar uma caminhada, sentiu vontade de estar na praia e molhar os pés na água, mas lembrou que tinha um jantar sem muita importância combinado e precisava se arrumar. Ultimamente a maioria de seus atos lhe dava a impressão de estar no piloto automático, estava levando uma vida mais calma do que a que sempre levara, mas ao mesmo tempo não sabia se isso estava sendo bom ou ruim, não tinha a certeza de estar gostando e em muitos momentos sentia-se tentada a fazer as malas e partir. Para onde? Não importava muito na hora, sabia que por meio da sua profissão poderia ir para qualquer bom lugar. Eufrásia era complicadíssima, além de todos os questionamentos naturais à alma feminina, ela parecia ter mais o dobro elevado ao quadrado na centésima potência...sem saber se existia tal equação! No fundo no fundo suas complicações eram contornáveis, mas muitas vezes ela parecia esquecer disto e sua complexidade lhe tomava completamente os sentidos, seu sexto duplo sentido lhe agarrava a alma e nem rodelas de batas brancas lhe arrancavam a enorme dor de cabeça que tudo isto causava. Andava cansada, queria mudar um pouco, desde atitudes até de marido quem sabe, talvez virar mulher do lar mesmo sabendo que não teria o dom, deleciar-se com um cabo de vassoura varrendo a poeira de suas horas de solidão...não, mudava logo de idéia, mas sua intuição felina sabia que mesmo que não mudasse hoje, a mudança já estava a caminho. Então se sentou a esperar. Na hora do jantar, o tédio havia se ido, o papo fluía animado após a segunda garrafa de vinho e com sua personalidade de ostra ela mais obervava do que participava do encontro e das conversas. Era só quando estava sozinha que Eufrásia sentia o vazio asfixiante que pairava sobre a crise não-verbalizada na relação entre ela e Marcelo; e por vezes sentia uma ponta de inveja da vida amorosa interessante que alguns dos seus casais de amigos levavam. Ela sempre fora uma mulher pertubadoramente livre, mesmo nos anos de namoro e até após o casamento, mas de uns tempos pra cá se sentia aprisionada dentro de uma gaiola, feita com as próprias mãos. À sua frente estava Marcelo, o amor de sua vida por anos e anos, seu companheiro de estradas, problemas, sexo bom e chimarrão. Em sua mente, seu presente era interrompido por Marco Antonio, uma pessoa que era um misto de sexualidade à flor da pele, mistério, doçura e paixão. Eram duas peças que se encaixavam nela de forma diferente. Já estava amanhecendo e ela não havia pregado o olho, algo lhe atravessava os olhos e a garganta e o tranquilo cantarolar dos pássaros não fazia jus ao seu inquietamento interno. Pensava, pensava, pensava e seus pensamentos revolucionárias estavam escassos e por mais que viajasse neles, não seria um deles que lhe salvaria de tomar uma decisão. Coisa doida a vida que havia lhe metido numa encruzilhada, por diversos momentos todos os dias pensava estar um uma cama giratória e sentia vontade de vomitar; vomitar o cérebro, talvez o coração ou até um tsunami. Entre anseios e vontade e desejos e maldades, Eufrásia bebericava goles de Moet Chandon e ria e cantava e dançava paranoicamente. A moça que antes julgava ter o controle de tudo acabava de perder controle sobre si mesma, tudo tinha virado uma suruba de uma pessoa só e de tão cansada de seus pensamentos demasiadamente pensantes ela adormeceu; e sonhou com revoluções e festas revolucionárias com semideuses e personagens atenienses lhes lambendo o pescoço e a pegando pela cintura e o sangue escorrendo de sua cabeça.Depois disso era queda livre, Eufrásia foi ao médico e descobriu que estava sofrendo de vida e de amor e seus dias não seriam mais os mesmos.Ela tinha muito amor guardado derretendo lençóis, não equalizava com a vida a sua intensidade, parecia para muitos uma maluca de olhar penetrante, mas bem lá no fundo Eufrásia fervia e ebulia sonhos, incertezas, certezas e possibilidades; sabia que tudo o que lhe acontecia simplesmente fazia parte de sua existência, e aceitava essa dor de querer ir e ficar, de querer amar e apaixonar todos os dias, de querer a verdade em sua vida para manter a própria sanidade e uma certa felicidade.
Dia claro, Eufrásia levantou e foi tomar banho. Pelos barulhos matinais percebeu que o dia engrenou, e ela tem plena consciência disso, mas dentro dela alguma coisa mudou, remexeu, recheou e está pulsando. Pensa que talvez a vida tenha que ser vivida aos poucos e que sua intensidade um dia há de deixar-lhe em paz. Ou não. Pensa também que nada é tão poético, que o que estava lhe pulsando por dentro era a vida, e que ela é agora, e que precisava injetar nela todos os sentidos. Queria ser feliz.

sábado, janeiro 06, 2007

diferenças


é do conhecimento de muitos a minha paixão por felinos.eu AMO gatos, qualquer um, de raça ou não,com pêlos ou sem,bonitos ou feinhos, adultos ou filhotes. poucos seres vivos me despertam tamanha admiração e interesse como os gatos. e ultimamente tenho notado um aumento absurdo de maus tratos aos animais domésticos, tanto gatos como cães.
devido a proliferação dos bichinhos, as pessoas que não tem interesse em criar e cuidar, abandonam ou maltratam. muitas criaturas não contentes em maltratar os que têm em casa,dão veneno aos da rua ou levam para casa para colocar no microondas, ou botar uma bomba na bunda(sim, por mais incrível que possa parecer,um demente em Porto Alegre colocou um explosivo na bunda de um gato que encontrou na rua,o gato partiu-se ao meio e pior de tudo,ficou agonizando por horas!!!),ou também jogar água fervendo em cima ou bater a cabecinha na parede até estourar os miolos do bichano.

NÃO,EU NÃO ESTOU BRINCANDO,acompanho duas ONG'S de adoção e proteção a gatos e cachorros e quem não está por dentro não pode imaginar as atrocidades cometidas contra os animais,que não têm como se defender. e assim,cada vez mais eu desprezo determinados tipos de seres humanos. quanto mais longe,melhor..e mais segura!
aí eu vejo que faz sentido a sabedoria popular que diz que para saber um pouquinho sobre alguém,é só observar como trata a natureza e os animas.em muitas das histórias horríveis que tomei conhecimento, fiquei matutando em como seria a vida da criatura que maltratou tanto o bicho, fiquei por alguns minutos pensando na maneira em que ela trata um filho,um idoso, um semelhante qualquer...pensei também no tamanho da amargura capaz de caber em um coração...e que nem todo mundo tem a noção de que tudo o que nasce tem o direito de viver.
eu não acho que todas as pessoas precisam gostar de bichos ou ter um animal de estimação,longe disto. eu mesma não sou nem um pouco fã de cachorros,mas os respeito como seres vivos,é o mínimo que preciso fazer. por não ter a mesma afinidade que tenho com os gatos, os deixo quietos e se em algum momento um cachorro precisar do meu auxílio,com certeza o terá. se bem que em alguns cachorros, de amigos ou de familiares, eu arrisco fazer uns chamegos,peço a pata,dou uma brincada...eu simplesmente acho que o cão é prosa e o gato é poesia!!
eu ja tenho um gato, o Sanzel,um siamês velho gato de quase nove anos, mas depois de muito pensar eu resolvi começar este ano de "ano novo,gato novo"...e adotei um filhote,e dei o nome de Kidou. ela é uma vira-lata de 3 meses que foi abandonada com mais 4 irmãos na porta de uma clínica veterinária, todos eles mal cuidados e doentinhos. depois de saudável e desverminada finalmente está aqui em casa, mais precisamente de DONA da casa,e da minha cama,e do sofá, e de todos os cantos da casa,porque para os olhos de um gato,tudo foi feito para os gatos,(quem conhece gatos sabe do que estou falando!). não posso falar que o Sanzel tenha ADORADO a idéia,na verdade ele tem PAVOOOOOR dela..mas isso é por enquanto,até se conhecerem melhor.
enfim,os bichos são seres infinitamente mais evoluídos do que nós,eu só desejo a conscientização da importância dos bons tratos aos animais!