quarta-feira, abril 25, 2007

amanhã ou depois, ou nunca mais.

Me tirem tudo, da escolha de ter nascido à madrepérola do meu brinco predileto, mas me deixem a certeza de que um dia todas as estações se encontrarão.
Me deixem sonhar que quando for adulta eu serei segura de mim, menos questionadora e indecisa e mais tranquila e resiliente.
Me deixem alfabetizar as minhas dores e ser muita coisa feliz ao mesmo tempo.
Quando do intervalo dos meus sonhos, eu vejo tudo nítido e os sonhos me fogem. E as durezas que sobram me ferem fundo na ferida que ainda não cicatrizou.
Deixem tudo como está. Eu arrumo, eu conserto e limpo as arestas. Nada que a minha visão lógica não encontre um sentido qualquer. Sentido que não sinto na verdade, mas que precisa estar ali, para dar sentido ao que não consigo explicar. Há muitas coisas que, sem existir, existem demoradamente e infinitamente dentro de mim. Para todas as outras eu quero estar aqui, nesta alma, tentando entender o que o meu coração diz.
Não me deixem resumir o que não tem atalho, não curem a minha insônia, me deixem possuir um corpo, uma verdade, uma ilusão!
Me deixem um pouco de silêncio, algo que fale além de palvras, que ouça além dos ouvidos e queira como eu sei querer.
Me tirem a covardia, as roupas, me dêem anestesia. Me devolavam a euforia.
Não quero ser linear, ter fé, calma ou ser convincente, quero ser adivinhada e alternar o beijo com uma respiração. Um dia andarei espalhada e embrenhada em mim, responsável não mais que pela minha própria vida.
Por mais nitidamente que eu tente ver e compreender tudo, a minha essência não me deixa ser menos intensa e vibrante quando algo me toca no íntimo do ser. Eu não esqueço fácil do que deliciosamente me penetra e me faz ser perdulária.
Mas nenhuma dor é infinita. Um dia, num doce deleite, não vou viver ao contrário e vai ser muito bom aqui dentro, quente e aconchegante.
Por enquanto, me deixem estar aqui, nesta alma. Eu já sou outra.

sexta-feira, abril 13, 2007

metro de ja vu


Homem agora é metrossexual. E os que o são, pensam que agradam.
Homem deveria continuar sendo apenas homem, bastaria. simples assim, como um suspiro.
Quando começam a fazer as sobrancelhas, pintar as unhas, fazer mechas nos cabelos e levantar a gola da camisa...conseguem ser, nessa expressão indelicada mesmo: "brochantes!"
Eu particularmente sou minimalista, adepta do "menos é mais", sempre. Homem interessante é o que tem jeito de homem, em tudo: na voz, no toque, na inteligência,no jeito de vestir. Homem cheiroso, que use filtro solar sim, e também um creme após barba mas que eu não o encontre na sala de espera da minha manicure.
Os tempos modernos enlouquecem as pessoas,e tudo está perdendo a naturalidade de ser. Se não são os metrossexuais, são aqueles que passam horas na academia e ficam parecidíssimos com uma versão piorada do King Kong,não conseguem perceber quando o corpo está bonito,agradável,apenas sem a terrível barriginha e consequentemente, charmoso. Exageram e acabam perdendo a graça, ficam caricatos. Tem uma outra leva que usa camisetas coladas,brancas e pretas, com as mangas apertadinhas (sim,ainda existem!), e aqueles que fazem do carro o animal de estimação, dão banho, comida e levam para passear, com música alta e velocidade mínima, tentando atrair olhares. Ah, sim, eu sei bem que "cada um com o seu cada qual", e que tem gosto para tudo e que cada pé torto tem seu chinelo velho, e que assim como os vários tipos de homens existem os mais diversos tipos estranhos de mulheres.
E também não é minha intenção me mostrar preconceituosa. Apenas estou com espírito de porco hoje e sem saco para essas versões masculinas esteriotipadas que vejo por aí.
Por uma questão de sorte, cultura e bom gosto, ainda existem homens HOMENS nesta face da terra. Eu ja tive o previlégio de conhecer homens inteligentes, que conseguem partilhar uma boa conversa, um bom vinho,homem que quando gosta cuida, não tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo e da mente, que compreende o silêncio, lê bons livros e que sabe que o ritmo da vida e dos relacionamentos não podem ser impostos por fora.
Aos homens,mais naturalidade e realidade e menos nonsense.

terça-feira, abril 03, 2007

como tatuagem...

A verdade as vezes dói. Às vezes mata, mas é sempre verdade.
As marcas deixadas, sejam por amor, corte ou tatuagem, ficam para sempre. São bem mais que verdades. Fazem parte da alma assim como os olhos enfeitam o rosto. Assim como a história ou como a chuva. As marcas que ficam na gente são aquilo que esquecemos e aquilos que somos, para sempre.
(Gabriel Moojen)