segunda-feira, outubro 29, 2007

quando ela viu a esse homem, ela entendeu tudo. era por isso que estava viva.
e fez o que tinha que ser feito. simplesmente porque tinha que ser feito.

La Masai Blanca.
vi e recomendo.

segunda-feira, outubro 22, 2007

tudo se me evapora*

eu tinha três anos e por minha conta e risco resolvi ir comprar um refrigerante no armazém em frente a casa da minha avó. com uma garrafa daquelas pequenas e antigas, nao consegui completar meu objetivo. eu caí e a garrafa que era vidro, se quebrou. e hoje eu levo na palma da mao esquerda uma cicatriz de 4 pontos.
e no meu entendimento das coisas, que ja diz tudo: é o MEU entendimento das coisas, as emoçoes e sentimentos também sao de vidro, e se quebram. fácil, muito fácil. Para estilhaçar os cacos dentro de mim nao precisa muito. uma atitude, uma frase, até uma palavra.. e pronto, tudo se parte ao meio e voa pelos ares. coisa de filha mimada, que fez do coraçao uma criança: que só espera o que deseja...
o estacionamento dentro de mim é oblíquo.

a rua que nao cruzei, o refrigerante que eu nao tomei, o que ouvi na hora em que nao queria ter ouvido, minhas manias, minhas piras, a cicatriz que me lembra todos os dias que o vidro quebra e corta, a emoçao partida que também deixa cicatriz....e “tudo se me evapora.”

...nao sei, nao quero mais escrever. talvez seja só hoje. mas hoje, nao está nas palavras, era vidro e se quebrou.


(*fragmento do livro do desassossego -F.Pessoa.)

quarta-feira, outubro 10, 2007

I wish you rain.


aqui choveu e eu fui para a rua. molhei o cabelo, a roupa, os chinelos. molhei por fora e por dentro.
as pessoas fogem da chuva exatamente como fogem dos problemas. elas escolhem nao se molhar para nao se mostrar. para nao estragar o penteado, para nao molhar o scarpin nem a gravata. elas escolhem o tamanho do passo na fuga, assim como se pode escolher o tamanho da dor.
as pessoas acham que a chuva é mais molhada do que o pranto. pensam que bom mesmo é andar no seco, aonde brilham os ratos e os bordados dos sapatos.
a chuva é um lamento do céu, e sua sensibilidade nao dói, nao fere e lava a alma.
pois eu andei na chuva, depois sequei ao vento. e esse foi meu momento feliz. andar na chuva é um grande presente.