terça-feira, maio 08, 2007

let it snow, let it snow, let it snow...
















Os acontecimentos da minha vida, são marcados na minha memória conforme as estações do ano. lembro por exemplo que fui viajar pela primeira vez sozinha no invernos dos meus 15 anos, que meu primeiro beijo aconteceu em uma primavera, florida mais dentro de mim do que nas árvores, e que a primeira vez em que uma estação levou embora deste mundo alguém que eu amava muito, fazia muito calor.
de repente, cada mudança de clima me traz à tona lembranças, as pessoas em mim são estações. e diferente das estações do ano que passam, algumas pessoas em mim ficam mais do que uma primavera. e quem é verão, em mim faz nevar, e quem é inverno me faz suar.
alheias às solenidades de todos os mundos,indiferentes ao divino e desprezível do humano, as estações chegam cheias de vida, trazendo o vento para secar os corações , a chuva para levar de suas idéias certas batidas e o sol que aquece o sangue e leva a monotonia embora. quando eu chovo dentro de mim, minha alma abre um guarda-chuva para que meus bem-querer não se molhem, e quando dentro de mim faz sol eu chamo todos para a estrada.estrada esta, que muitas vezes eu entortei o rumo, que me rompeu a risada e o fio da meada.estrada que me obriga a existir,que tem sobre ela o destino carregando a minha carroça.
o verão que passou me fez lembrar um verão em que eu estive sozinha,em terras desconhecidas, e em amigos que deixei nas circunstâncias do caminho. verão de um mar transparente e areia branca,mas um verão aonde a minha solidão era do tamanho do próprio mar.
hoje, eu lembro do começo de um inverno. de um inverno que transbordou vida e debruçado assistiu aos meus tremores, de frio e de prazer. um frio de desassossego e tranqulidade coexistindo. um inverno novo.
um dia eu quis mandar parar as estações. mas lembrar que cada estação voltará, me acalenta a alma e esfria o sangue. a inconsequência dessa volta não pode ser compreendida. vai haver outro inverno, mais um outono e sempre o verão.
suponho porém, que nisso tudo sou sonhadora, que a saudade que sinto das estações não é só minha, nem só saudade, nem só lembrança.quero tanto minhas estações, com uma intensidade que vem do fundo do mundo e tenho ganas de trazer de volta um outono ou aquele verão. endoideço porque sei que esta estação vai acabar, e a estação é a viagem. se depois eu morrer,que me tragam todas as estações em um único dia, que eu sinta através do infinito o gosto e a delícia da perda de mim em uma estação qualquer.

2 comentários:

Anônimo disse...

Em nossas vidas muitas coisas que adoramos tem a capacidade de ficar despercebidas,invisíveis,como se estivessem comprimindo o indicador contra o polegar, e quando menos se espera se transformam em uva passa, e nada mais do que uma uva passa.
Outras como um inverno ardente de fogo, que nos deixa inseguros, suados,e nos roubam o sono, deixam com a impressáo de que se deixarmos tudo para trás, continuaremos, mas perderemos a melhor parte,e náo conseguiremos viver em paz!!!

Brena Braz disse...

Sumiste, mocinha!
Vim dar um alô!
Beijo