segunda-feira, janeiro 29, 2007

sinfonia de uma noite inquieta


ta acabando o domingo. chove lá fora e queimo aqui dentro. ja tomei todos os barbitúricos do armarinho do banheiro e segue a enxaqueca. semana e final de semana transcorreram calmamente, em tons pastéis e sem nenhuma pourralouquice de minha parte. hoje dormi até as nove, depois dormi das dez a uma e meia da tarde e depois das quatro às cinco e meia e até KING KONG olhei hoje. nem só de bons filmes vive uma taurina. comi muitas bobagens sexta,sábado e domingo, incluindo bolo de cenoura com super cobertura de chocolate e carne de churrasco com maionese. e amanhã sem falta começo na academia! noite passada pela primeira vez desde que cheguei do México senti saudade de lá, não sei o que me deu,comecei a pensar e ter boas lembranças e...senti. quando adormeci com o ar-condicionado no frio máximo e coberta com dois edredons ja não pensava mais nisso. sei que dormi e sonhei com algumas pessoas. no sonho uma moça bonita, de cabelos e olhos negros parecia ler meus pensamentos e sentir meus sentimentos e me disse : vai,está no teu caminho, faz parte dele,está no teu caminho. ela me olhava fundo nos olhos quando falou e vestia uma túnica branca lisa e esvoaçante. acordei pensando muito nisso e pensei várias vezes no dia. sonhos são os desejos do inconsciente?
hoje também minha gata vira-lata maluca me deu uma mordida no nariz que sangrou, eu mordi ela também para mostrar que mordida dói. depois, ela veio toda se refestelando para o meu lado,miando pequeninho e pedindo desculpas e agora está aqui deitada no meu travesseiro ja se achando a dona da história. não estava inspirada para escrever uma história aqui no blog hoje, estamos precisando sair para beber eu e ele para arranjarmos inspiração. ah, mas sei lá também, a vida é isto aqui mesmo...é uma semana de trabalho e poucas pourralouquices, é um domingo chuvoso, é gato,cachorro e Fantástico, e é até muito mais do que isso,mas está mais para um conto de fodas do que um conto de fadas. continuo com meu jejum de palavras, creio que é por isso que estou mais calma, segue a rotina dos meus desejos e se eu fosse eu me daria um soco na cara. olho roxo e uma dor proibida de sentir. bom, estou tentando, entre outras coisas, ser feliz, ganhar um milhão, remar meu barco, não cair no buraco, não machucar um coração, comer mais verduras, pensar antes de agir, agir sem pensar, tocar violão, fazer pão e não andar na contramão.
não está sendo fácil,mas não quero entender e não será num piscar de olhos.
sei lá, como Pessoa, sou uma doida que estranha sua própria alma.
vou dormir com a minha gata maluca e a chuva que chove lá fora.
..continuo quimando aqui dentro....

terça-feira, janeiro 23, 2007

cada coisa a seu tempo tem seu tempo!


percebi recentemente que preciso me recolher.sim,dentro de uma bolha seria melhor,mas é impossível;então será dentro de mim mesma.Pessoa dizia que quem não quiser sofrer que se isole, mas não se trata disto. não se trata de não querer sofrer ou de querer fugir,mas sim de querer ficar a sós comigo mesma. simples assim e quem nunca sentiu essa necessidade que atire a pedra. um pouco é porque preciso pensar e faço isso infinitamente melhor quando estou sozinha com meus pensamentos, outro pouco é porque cansei momentaneamente de responder à altura um monte de bobagens que ouço todos os dias. vou brincar de vaca amarela por alguns dias,até porque não se deve falar demasiado porque a vida espreita-nos sempre...
hoje,dentre as poucas pessoas que troquei algumas palavras está Nadica Lopes, que me
bombardeou
com algumas belas citações de Adriana Falcão e uma delas dizia assim:indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa ,a outra era assim:lucidez é um acesso de loucura ao contrário.pois então acho que estou louca de tão lúcida...ou lúcida de tão louca? quisera eu saber...mas não me sei, portanto, sigo a procurar-me...quiet! queria subir no coqueiro e do alto ver o mar, pensei em ir à praia sozinha por alguns dias,fazer um retiro espiritual ou voltar a pintar,mas ainda não decidi o que vou de verdade fazer. ando arrumando as gavetas,o guarda-roupas,fiz uma fogueira das caixas de cartões-bilhetes-lembranças-postais-agendas;ja dobrei as blusas e separei por cores, empilhei os cd's por ordem alfabética e mandei consertar três relógios que estavam parados....falta então ordenar os pensamentos, descartar sentimentos corrosivos e equilibrar as energias.talvez,mesmo com muita preguiça,eu comece na academia,ou na yoga,ou no pilates,ou vá logo fazer quiropraxia para botar a coluna no lugar(ja que a cabeça é mais complicado!),ou acupuntura...
talvez eu compre uma bicicleta e saia por aí,para sentir a delícia e o terror da velocidade e do vento na cara. talvez eu aproveite esse tempo para sentir tudo de todas as maneiras, viver tudo de todos os lados, ser a mesma coisa de todos os modos possíveis. talvez esse afastamento seja tão suave que pareça uma vinda...

segunda-feira, janeiro 15, 2007

degrado-ser

Tudo na vida de Eufrásia parecia acontecer da maneira que ela sempre quis. Era uma mulher bonita, de inteligência aguçada e gosto apurado, sabia como cativar afetos e tinha poucos, mas bons amigos. A profissão que a escolheu era uma profissão que muitos invejavam, outros odiavam e outros tantos admiravam ou não davam a mínima bola.
A profissão...bom,não importa qual era a profissão, o que importa é que Eufrásia sabia fazer muito bem o que fazia e no seu meio era admirada. Era daquelas pessoas que têm o tipo de vida que todos nós secretamente gostaríamos de ter: uma vida de viagens, loucuras, paixões, liberdades, qualidades peculiares, sem muitas papas na língua e uma certa dose de irresponsabilidade.
Ela acreditava ter poderes, mas não super poderes como os das Meninas Super-Poderosas, mas poderes advindos da alma e da sua mente que simplesmente não parava um minuto sequer de pensar. Na verdade, ela possuía um único poder: o de ficar invisível quando bem entendesse. Esse poder ela aprendeu com um mais-que-amigo em uma viagem que fizeram juntos à praia, ele a ensinou: faz assim ó com o dedo indicador, depois tu dobra o polegar assim e cruza por cima deste aqui e... pronto! Ele só a ensinou com a promessa de que ela não ensinaria a mais ninguém, e de fato a promessa está mantida até hoje. Eufrásia adora ficar invisível quando vai ao salão de beleza fazer as unhas (só a manicura a pode ver), quando está em algum restaurante lotado ou quando não está a fim de papo, se bem que ultimamente ela não tem usado o truque. Anda enfrentando todas as situações, talvez por isso que esteja sentindo dores no peito e tonturas constantes. Quando ficava invisível com mais freqüência, tudo parecia mais fácil.
Era uma tarde morna quando Eufrásia levantou e ligou o rádio. O silêncio estava gritante tentando mostrar um vazio que ela fingia não ver e a noite começava a dar sinal de vida, ela sentiu vontade de sair, pegar o carro e ir para longe, talvez dar uma caminhada, sentiu vontade de estar na praia e molhar os pés na água, mas lembrou que tinha um jantar sem muita importância combinado e precisava se arrumar. Ultimamente a maioria de seus atos lhe dava a impressão de estar no piloto automático, estava levando uma vida mais calma do que a que sempre levara, mas ao mesmo tempo não sabia se isso estava sendo bom ou ruim, não tinha a certeza de estar gostando e em muitos momentos sentia-se tentada a fazer as malas e partir. Para onde? Não importava muito na hora, sabia que por meio da sua profissão poderia ir para qualquer bom lugar. Eufrásia era complicadíssima, além de todos os questionamentos naturais à alma feminina, ela parecia ter mais o dobro elevado ao quadrado na centésima potência...sem saber se existia tal equação! No fundo no fundo suas complicações eram contornáveis, mas muitas vezes ela parecia esquecer disto e sua complexidade lhe tomava completamente os sentidos, seu sexto duplo sentido lhe agarrava a alma e nem rodelas de batas brancas lhe arrancavam a enorme dor de cabeça que tudo isto causava. Andava cansada, queria mudar um pouco, desde atitudes até de marido quem sabe, talvez virar mulher do lar mesmo sabendo que não teria o dom, deleciar-se com um cabo de vassoura varrendo a poeira de suas horas de solidão...não, mudava logo de idéia, mas sua intuição felina sabia que mesmo que não mudasse hoje, a mudança já estava a caminho. Então se sentou a esperar. Na hora do jantar, o tédio havia se ido, o papo fluía animado após a segunda garrafa de vinho e com sua personalidade de ostra ela mais obervava do que participava do encontro e das conversas. Era só quando estava sozinha que Eufrásia sentia o vazio asfixiante que pairava sobre a crise não-verbalizada na relação entre ela e Marcelo; e por vezes sentia uma ponta de inveja da vida amorosa interessante que alguns dos seus casais de amigos levavam. Ela sempre fora uma mulher pertubadoramente livre, mesmo nos anos de namoro e até após o casamento, mas de uns tempos pra cá se sentia aprisionada dentro de uma gaiola, feita com as próprias mãos. À sua frente estava Marcelo, o amor de sua vida por anos e anos, seu companheiro de estradas, problemas, sexo bom e chimarrão. Em sua mente, seu presente era interrompido por Marco Antonio, uma pessoa que era um misto de sexualidade à flor da pele, mistério, doçura e paixão. Eram duas peças que se encaixavam nela de forma diferente. Já estava amanhecendo e ela não havia pregado o olho, algo lhe atravessava os olhos e a garganta e o tranquilo cantarolar dos pássaros não fazia jus ao seu inquietamento interno. Pensava, pensava, pensava e seus pensamentos revolucionárias estavam escassos e por mais que viajasse neles, não seria um deles que lhe salvaria de tomar uma decisão. Coisa doida a vida que havia lhe metido numa encruzilhada, por diversos momentos todos os dias pensava estar um uma cama giratória e sentia vontade de vomitar; vomitar o cérebro, talvez o coração ou até um tsunami. Entre anseios e vontade e desejos e maldades, Eufrásia bebericava goles de Moet Chandon e ria e cantava e dançava paranoicamente. A moça que antes julgava ter o controle de tudo acabava de perder controle sobre si mesma, tudo tinha virado uma suruba de uma pessoa só e de tão cansada de seus pensamentos demasiadamente pensantes ela adormeceu; e sonhou com revoluções e festas revolucionárias com semideuses e personagens atenienses lhes lambendo o pescoço e a pegando pela cintura e o sangue escorrendo de sua cabeça.Depois disso era queda livre, Eufrásia foi ao médico e descobriu que estava sofrendo de vida e de amor e seus dias não seriam mais os mesmos.Ela tinha muito amor guardado derretendo lençóis, não equalizava com a vida a sua intensidade, parecia para muitos uma maluca de olhar penetrante, mas bem lá no fundo Eufrásia fervia e ebulia sonhos, incertezas, certezas e possibilidades; sabia que tudo o que lhe acontecia simplesmente fazia parte de sua existência, e aceitava essa dor de querer ir e ficar, de querer amar e apaixonar todos os dias, de querer a verdade em sua vida para manter a própria sanidade e uma certa felicidade.
Dia claro, Eufrásia levantou e foi tomar banho. Pelos barulhos matinais percebeu que o dia engrenou, e ela tem plena consciência disso, mas dentro dela alguma coisa mudou, remexeu, recheou e está pulsando. Pensa que talvez a vida tenha que ser vivida aos poucos e que sua intensidade um dia há de deixar-lhe em paz. Ou não. Pensa também que nada é tão poético, que o que estava lhe pulsando por dentro era a vida, e que ela é agora, e que precisava injetar nela todos os sentidos. Queria ser feliz.

sábado, janeiro 06, 2007

diferenças


é do conhecimento de muitos a minha paixão por felinos.eu AMO gatos, qualquer um, de raça ou não,com pêlos ou sem,bonitos ou feinhos, adultos ou filhotes. poucos seres vivos me despertam tamanha admiração e interesse como os gatos. e ultimamente tenho notado um aumento absurdo de maus tratos aos animais domésticos, tanto gatos como cães.
devido a proliferação dos bichinhos, as pessoas que não tem interesse em criar e cuidar, abandonam ou maltratam. muitas criaturas não contentes em maltratar os que têm em casa,dão veneno aos da rua ou levam para casa para colocar no microondas, ou botar uma bomba na bunda(sim, por mais incrível que possa parecer,um demente em Porto Alegre colocou um explosivo na bunda de um gato que encontrou na rua,o gato partiu-se ao meio e pior de tudo,ficou agonizando por horas!!!),ou também jogar água fervendo em cima ou bater a cabecinha na parede até estourar os miolos do bichano.

NÃO,EU NÃO ESTOU BRINCANDO,acompanho duas ONG'S de adoção e proteção a gatos e cachorros e quem não está por dentro não pode imaginar as atrocidades cometidas contra os animais,que não têm como se defender. e assim,cada vez mais eu desprezo determinados tipos de seres humanos. quanto mais longe,melhor..e mais segura!
aí eu vejo que faz sentido a sabedoria popular que diz que para saber um pouquinho sobre alguém,é só observar como trata a natureza e os animas.em muitas das histórias horríveis que tomei conhecimento, fiquei matutando em como seria a vida da criatura que maltratou tanto o bicho, fiquei por alguns minutos pensando na maneira em que ela trata um filho,um idoso, um semelhante qualquer...pensei também no tamanho da amargura capaz de caber em um coração...e que nem todo mundo tem a noção de que tudo o que nasce tem o direito de viver.
eu não acho que todas as pessoas precisam gostar de bichos ou ter um animal de estimação,longe disto. eu mesma não sou nem um pouco fã de cachorros,mas os respeito como seres vivos,é o mínimo que preciso fazer. por não ter a mesma afinidade que tenho com os gatos, os deixo quietos e se em algum momento um cachorro precisar do meu auxílio,com certeza o terá. se bem que em alguns cachorros, de amigos ou de familiares, eu arrisco fazer uns chamegos,peço a pata,dou uma brincada...eu simplesmente acho que o cão é prosa e o gato é poesia!!
eu ja tenho um gato, o Sanzel,um siamês velho gato de quase nove anos, mas depois de muito pensar eu resolvi começar este ano de "ano novo,gato novo"...e adotei um filhote,e dei o nome de Kidou. ela é uma vira-lata de 3 meses que foi abandonada com mais 4 irmãos na porta de uma clínica veterinária, todos eles mal cuidados e doentinhos. depois de saudável e desverminada finalmente está aqui em casa, mais precisamente de DONA da casa,e da minha cama,e do sofá, e de todos os cantos da casa,porque para os olhos de um gato,tudo foi feito para os gatos,(quem conhece gatos sabe do que estou falando!). não posso falar que o Sanzel tenha ADORADO a idéia,na verdade ele tem PAVOOOOOR dela..mas isso é por enquanto,até se conhecerem melhor.
enfim,os bichos são seres infinitamente mais evoluídos do que nós,eu só desejo a conscientização da importância dos bons tratos aos animais!