sexta-feira, julho 14, 2006

O que passou,passou?

Hoje acordei e fui para o hospital.na verdade não quando acordei,porque nem dormi,mas quando levantei da cama com muito custo,fui para o hospital.não morri.mas pensei que estava no caminho.infecção renal.como dói!e eu achando que coração partido fosse uma dor horrível.é também,mas guardadas as devida proporções nem se compara à infecção renal.tomei umas porcarias na veia e ja estou em casa,mais um remedinho aqui e outro ali,uns sete dias sem tomar o diário vinho tinto e pronto!ja vai passar.a cidade ta chorando,lágrimas calmas caindo de um céu cinza e sem vida.vou tentar dormir um pouco,e para celebrar o dia em que eu não morri,um pouco de Paulo Leminski,fabuloso!

Antigamente, se morria
1907, digamos, aquilo sim
é que era morrer.
Morria gente todo dia,
e morria com muito prazer,
já que todo mundo sabia
que o Juízo, afinal, viria,
e todo mundo ia renascer.
Morria-se praticamente de tudo.
De doença, de parto, de tosse.
E ainda se morria de amor,
como se amar morte fosse.
Pra morrer, bastava um susto,
um lenço no vento, um suspiro e pronto,
lá se ia nosso defunto
para a terra dos pés juntos.
Dia de anos, casamento, batizado,
morrer era um tipo de festa,
uma das coisas da vida,
como ser ou não ser convidado.
O escândalo era de praxe.
Mas os danos eram pequenos.
Descansou. Partiu. Deus o tenha.
Sempre alguém tinha uma frase
que deixava aquilo mais ou menos.
Tinha coisas que matavam na certa.
Pepino com leite, vento encanado,
praga de velha e amor mal curado.
Tinha coisas que têm que morrer,
tinha coisas que têm que matar.
A honra, a terra e o sangue
mandou muita gente praquele lugar.
Que mais podia um velho fazer,
nos idos de 1916,
a não ser pegar pneumonia,
e virar fotografia?
Ninguém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.
Não deu pra ir mais além.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
Almoçou e fez a barba,
tomou banho e foi no vento.
Agora, vamos ao testamento.
Hoje, a morte está difícil.
Tem recursos, tem asilos, tem remédios.
Agora, a morte tem limites.
E, em caso de necessidade,
a ciência da eternidade
inventou a crônica.
Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica.

3 comentários:

O Mimeógrafo Pisca-Pisca disse...

O fã disse: "Ainda bem, continuaremos lendo mais textos."
O amigo disse: "Ainda bem, não perdi uma amiga."
O amado disse: "Ainda bem, ainda tenho os seus braços."
O amante disse: "Ainda bem, ainda tenho suas pernas."
O narcisisista disse: " Sorte sua, ainda conviveras muito comigo."
O inseguro disse: "Ainda bem, não saberia viver sem você."

Para não seguir nessa de egocentrismo, digo só: "Viva."

Beijão.

P.S.: Não conhecia essa do Leminski. Ótima (pra variar).

P.S.2: Durante esses 7 dias de sua abstinência, me comprometo a fazer um brinde à você em toda taça bordô que eu levantar.

www.nadialopes.blogger.com.br disse...

ai amiguinha
coisa grave?
fiquei assim em susto esperando saber de ti...
fica quietinha, respira raso, que fundo dói, e toca a vida...thanxs pelo lemisnki lindo que eu tb não conhecia!
Vida Crônica, só se não tiver dor embutida!
beijo

www.nadialopes.blogger.com.br disse...

ai amiguinha
coisa grave?
fiquei assim em susto esperando saber de ti...
fica quietinha, respira raso, que fundo dói, e toca a vida...thanxs pelo lemisnki lindo que eu tb não conhecia!
Vida Crônica, só se não tiver dor embutida!
beijo