quarta-feira, fevereiro 06, 2008

quando o amor esquece de acontecer

Incrível como na idade adulta as desavenças são muito mais sérias e mais difíceis de serem dissolvidas, diferente de como eram na infânica.
Eu e a Simone, minha melhor amiga na época, "brigávamos" quase todos os dias em que brincávamos juntas. Eu dizia que não seria mais amiga dela e ia embora sem dó nem piedade e sem olhar para trás. Não dava tempo de eu terminar o banho e a Simone estava lá em casa, me chamando no portão para fazermos as pazes. E de fato fazíamos as pazes, e também um desenho com corações e coqueiros e sol e nuvens. E o amor era recuperado, havia solução, enfim.

Naquela época, o que nos distanciava e provocava as brigas, eram palavras, coisas que uma ou outra dizia e que ouriçava os nervos infantis. Quando eu tinha nove anos mais ou menos, a Simone mudou de endereço, a casa ao lado da minha ficou vazia assim como as minhas manhãs e eu nunca mais a vi.

Hoje, gente grande e emocionalmente evoluída, os nervos não são mais infantis e a falta de entendimento não é superada, há ausência de palavras numa incompreensão sem fim.

Partilhamos de uma incompreensão mútua e acelerada, jogamos boca à fora palavras desconexas que eu sei que não voltam mais. Magoamos. Abrimos feridas e por alguns minutos esquecemos que o tempo que temos para resolver pendências é hoje, estamos de volta por isso, para isso. Há um objetivo comum, há chances de encontrar a palavra conciliadora, de dar o abraço que conforta, o olhar que não condena ou julga. Não há gostos parecidos nem um olhar na mesma perspectiva, mas há um laço que a vida deu, há um espaço que precisa ser preenchido, alguma coisa que precisa ser feita. Tu é quem poderia me contar que as dores passam, que poderia aceitar minhas desculpas, poderia até ficar nervoso e ter um ataque, mas depois alegar que estava nervoso e teve um ataque e tudo poder passar com um abraço...

Cada um com suas piras, suas crenças e suas razões, cada um com sua ignorância, esquecendo que somos seres, somos humanos e somos diferentes....mas fomos feitos para superar, para perdoar, para desculpar. Eu não sou a promessa de felicidade e orgulho, eu não sou o depósito das tuas aspirações, eu não sou programável, regulável, aceitável, e eu sei que as coisas em outros tempos eram diferentes. Mas eu sempre quis saber como é de verdade o que eu deveria ser, COMO eu deveria ser para te fazer feliz. Hoje eu sei, que de fato não sou.

Mas há um sentimento desocupado em mim, e ele é teu.

...Com toda a feiura dos meus atos pouco pensados, com toda a loucura da minha alma doidivanas, com toda a não-conveniência dos meus pensamentos e a minha pouca, mas infinita habilidade de tentar te entender. Porque me dói não te ter.

















Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Nessa!

Estive por aqui :]

Bjao!